domingo, julho 18, 2004

Comentário_a_”IGREJAS_SÃO_DE_CRISTO”

Vejo-me compelido a escrever algo a respeito desse documento, porque o homem que o escreveu passa ares de estar, pelo menos em sentimento, se vendo solitário nesta empreitada. Quis escrever uma nota de comentário, pois a carta dele é um documento fundamentado. Digo isso, no entendimento de que, levando em consideração os erros que encontro no que ele escreveu, estou de acordo com as coisas principais que são passadas, não por estar de acordo com argumentos. Penso que os argumentos fazem parte de nossas vidas. Em parte por isso a escritura sagrada diz que quem quer ser sábio deve tornar-se louco. A loucura de Deus é mais sã do que a sanidade dos homens. Como também diz que o reino de Deus não se constitui de meras palavras. “Não de palavras, mas de poder”. Penso eu, às vezes sem palavras, às vezes através das palavras. Sendo bacharel em latim antigo, eu não desprezo o poder da letra. Quero antes usá-lo em favor daquilo em que acredito.

Dos erros. Penso que um dos erros que me incomoda de modo mais marcante é a afronta à pessoa de Kip. Digo isso levando em consideração que concordo com o fato de que Kip tem pecados, coisa que atesto não somente através dos esclarecimentos que essa carta me trouxe, mas também em decorrência de ter contato com discurso do próprio Kip. E acredito que Júlio também pensa desse modo. Tanto pensa, que expressa: “Acho que não é o momento de ficarmos jogando pedras em ninguém, mágoas, procurar o culpado”. Parcela de culpa não isenta ninguém do que estamos vivendo como igreja, como grupo, mesmo que algum dentre nós não tenha sequer ouvido falar nisso. A esposa de Henry falou algo interessante, em sua carta, dizendo que acreditava estar a par, pelo menos em parte, das conseqüências das coisas que estavam sendo trazidas à tona por parte de seu marido, mas que não podia se isentar da responsabilidade de concordar com a Palavra de Deus, na parte em que diz “quem sabe fazer o bem e não o faz comete pecado”. Estou jogando bolinhas de papel em Kip e em Júlio, sabendo que eles estão de pé, recebendo pedradas, mesmo que, no caso dos brasileiros, as pedras muitas vezes venham através do desprezo. Posso fazer isso, porque decidi me levantar, e estar de pé, junto com eles. É triste que a maioria das pessoas à nossa volta, sentadas, não entendem que estamos, Henry, Kip, Júlio, outros, jogando bolinhas de papel uns nos outros, com conteúdos interessantes, até, mas não pedras, pois pedras machucam!

Do que a carta passa, e com que concordo, em breves palavras. Voltarmo-nos para conhecer essas igrejas, tendo em vista a salvação que nos é prometida na Bíblia, tendo em vista união, tendo em vista o reino que pertence a Deus, é algo que faz parte do tempo em que estamos adentrando. Conhecer outras igrejas não é o mesmo que entregar a igreja em que fomos batizados à destruição, antes pelo contrário: talvez se trate de nos salvarmos, aprendendo a amar pessoas que nem sequer são diferentes de nós, no que diz respeito à salvação. Como nos é dito, devemos amar até mesmo os nossos inimigos!, que se dirá de pessoas que não estão distantes de serem muito parecidas com o que nós somos, se olharmos com cuidado. Ou até nós, parecidos com eles, se pensarmos melhor. E eu também defendo algumas coisas que aprendi, e as defendo até à morte. Digo isso por fé, pois não tive, até o presente momento, que defender minha fé até o ponto de verter meu sangue. Espero não precisar.

Gustavo. Uma das igrejas da cidade do Rio de Janeiro.